giovedì 24 marzo 2011

Um poema por semana

È proprio vero che poesia e televisione sono due universi  inconciliabili?
Il 21 marzo, giornata mondiale della poesia - celebrato anche da noi de Il diario portoghese -, ha fatto il suo debutto il programma Um poema por semana, trasmesso dalla RTP2 in tre fasce orarie diverse (14, 18.30 e 22).
José Carlos de Vasconcelos, attualmente uno dei responsabili di Visão e Jornal de Letras, ha selezionato 15 poesie di autori appartenenti al canone letterario portoghese, da Sá de Miranda a Ruy Belo, passando per Camões, Cesário Verde, António Nobre, Fernando Pessoa, José Régio, Miguel Torga, António Gedeão, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, Mário Cesariny, Alexandre O’Neill e David Mourão Ferreira. Nel corso di una settimana la poesia scelta verrà letta e recitata da cinque interpreti molto diversi fra loro, in modo tale da offrire un panorama eterogeneo. “Lo scopo del programma – dice Paula Moura Pinheiro, volto di Câmara Clara - è quello di mostrare al pubblico che la poesia è di tutti e può essere letta da tutti”.
 Il risultato è un programma fuori dagli standard culturali televisivi, una scelta insolita, ma che è stata premiata dal pubblico, proprio per la capacità di offrire un approccio non convenzionale alla tradizione letteraria. Un ottimo esempio anche per la nostra televisione, oseremmo dire.

Portugal, di Alexandre O’Neill (1924-1986), è stata scelta come poesia d’apertura del ciclo di letture.


PORTUGAL

Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!

*
Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há «papo-de-anjo» que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...



(fonte: Jornal de Letras)