lunedì 12 dicembre 2011

Poemário Inatual (IV)

Esta é uma homenegam comovida ao poeta vivo que me interessa mais.

Ruy Belo (1933-1978)

No meu país não acontece nada
À terra vai-se pela estrada em frente
Novembro é quanta cor o céu consente
Às casas com que o frio abre a praça

Dezembro abre vidros brande as folhas
A brisa sopra e corre e varre o adro menos mal
Que o mais zeloso varredor municipal
Mas que fazer de toda esta cor azul

Que cobre os campos neste meu país do sul?
A gente é previdente cala-se e mais nada
A boca é pra comer e pra trazer fechada
O único caminho é direito ao sol

No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
O fisco vela e a palavra era para toda a gente

E juntam-se na casa portuguesa
saudade e o transistor sob o céu azul
A indústria prospera e fazem-se ao abrigo
da velha lei mental pastilhas de mentol

Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nesta orla costeira qual de nos foi um dia um menino?

Há neste mundo seres para quem
A vida não contém contentamento
E a nação faz um apelo à mãe,
Atenta a gravidade do momento

O meu país é o que o mar não quer
É o pescador cuspido à praia à luz do dia
Pois  a areia cresceu e a gente em vão requer
curvada o que de fronte erguida lhe pertencia

A minha terra é uma grande estrada
Que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem vende a vida e verga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer

“Morte ao Meio-dia” in Boca Bilingue (1966)


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