martedì 1 febbraio 2011

Francisco José Tenreiro: as múltiplas faces de um intelectual



La vita e le opere del poeta e geografo Francisco José Tenreiro, considerato il più importante intellettuale santomense del XX secolo, sono state al centro di tre giorni di dibattiti nel Centro Cultural Brasileiro di São Tomé. Il seminario è stato organizzato in occasione della presentazione del libro Francisco José Tenreiro: as múltiplas faces de um intelectual.
Il volume, che raccoglie i saggi di oltre trenta studiosi delle culture dei paesi di lingua portoghese provenienti da Europa, Africa e America, è stato curato da Inocencia Mata.



Nato nel 1921 a São Tomé da padre portoghese e madre santomense viene portato a Lisbona a soli due anni, dove frequenta gli studi primari e secondari. Si iscrive alla facoltà di Scienze dell’Università di Lisbona e alla Escola Superior Colonial. Successivamente comincia a interessarsi allo studio della Geografia della Colonizzazione e frequenta il Dottorato in Scienze Sociali alla London School of Economics and Political Sciences dell’Università di Londra.
La sua attività letteraria inizia nel 1942 con la pubblicazione della raccolta di poesie Ilha de Nome Santo. Nello stesso periodo, insieme a Carlos Alberto Lança, pubblica i due volumi dell’antologia Contos e Poemas de Modernos Autores Portugueses.
Nel 1951 collabora con Mário de Andrade e con altri giovani intellettuali africani alla creazione del Centro de Estudos Africanos. L’anno seguente, sempre con Mário de Andrade, pubblica Poesia Negra de Expressão Portuguesa, dove inserisce la sua poesia Coração em África. L’antologia rappresentava una significativa provocazione a partire dal titolo stesso: l’africanità implicava la destrutturazione della portoghesità, affermazione a dir poco rischiosa in pieno regime salazarista. Era la ricerca di una nuova coscienza africana. Inizia così una nuova fase del suo percorso letterario, che vede affermarsi nelle sue poesie «uma vinculação definida às propostas de negritude, pelo menos na expressão que lhe deram alguns poetas africanos de língua francesa» (Fernando J. B. Martinho).
Francisco José Tenreiro muore nel 1963, in un momento storico importante, caratterizzato dall’intensificarsi della Guerra Coloniale.



MÃOS

Mãos que moldaram em terracota a beleza e a serenidade do Ifé.
Mãos que na cera polida encontram o orgulho perdido do Benin.
Mãos que do negro madeiro extraíram a chama das estatuetas olhos de vidro
e pintaram na porta das palhotas ritmos sinuosos de vida plena:
plena de sol incendiando em espasmos as estepes do sem-fim
e nas savanas acaricia e dá flores às gramíneas da fome.
Mãos cheias e dadas às labaredas da posse total da Terra,
mãos que a queimam e a rasgam na sede de chuva
para que dela nasça o inhame alargando os quadris das mulheres
adoçando os queixumes dos ventres dilatados das crianças
o inhame e a matabala, a matabala e o inhame.

Mãos negras e musicais (carinhos de mulher parida) tirando da pauta da Terra
o oiro da bananeira e o vermelho sensual do andim.
Mãos estrelas olhos nocturnos e caminhantes no quente deserto.
Mãos correndo com o harmatan nuvens de gafanhotos livres
criando nos rios da Guiné veredas verdes de ansiedades.
Mãos que à beira-do-mar-deserto abriram Kano à atracção dos camelos da ventura
e também Tombuctu e Sokoto, Sokoto e Zária
e outras cidades ainda pasmadas de solenes emires de mil e mais noites!


Mãos, mãos negras que em vós estou pensando.

Mãos Zimbabwe ao largo do Indico das pandas velas
Mãos Mali do sono dos historiadores da civilização
Mãos Songhai episódio bolorento dos Tombos
Mãos Ghana de escravos e oiro só agora falados
Mãos Congo tingindo de sangue as mãos limpas das virgens
Mãos Abissínias levantadas a Deus nos altos planaltos:
Mãos de África, minha bela adormecida, agora acordada pelo relógio das balas!

Mãos, mãos negras que em vós estou sentindo!

Mãos pretas e sábias que nem inventaram a escrita nem a rosa-dos-ventos
mas que da terra, da árvore, da água e da música das nuvens
beberam as palavras dos corás, dos quissanges e das timbilas que o mesmo é
dizer palavras telegrafadas e recebidas de coração em coração.
Mãos que da terra, da árvore, da água e do coração tantã
criastes religião e arte, religião e amor.

Mãos, mãos pretas que em vós estou chorando!